riqueza de Campos Elíseos

Riqueza histórica de Campos Elíseos

do diário de São Paulo, por Andrea Matarazzo, em 01/07/2011

Rio Branco e aproveitei para ir caminhar pelo bairro. Campos Elíseos foi o primeiro bairro planejado de São Paulo, projetado pelos alemães Frederico Glette e Victor Nothmann, que dão nome a duas ruas. Também foi a primeira área considerada nobre, porque foi onde os fazendeiros do café foram morar no fim do século 19, aproveitando a proximidade com a estação de trem Sorocabana ? atual Júlio Prestes.

O período do auge do café ainda está presente no bairro, nos casarões construídos na época. Passei na Rua Guaianases, onde ficam as casas de Dino Bueno, recém-restauradas e diferentes apenas pelo tamanho - a casa onde morou o pai é maior que a do filho. Outro prédio belíssimo é o do centenário Liceu Coração de Jesus, na Alameda Dino Bueno, de 1885. O Palácio de Campos Elíseos mostra a importância da região na época. Antiga residência de Elias Antônio Pacheco e Chaves, foi sede do governo do estado de 1915 a 1965, quando passou por um incêndio e o Palácio dos Bandeirantes assumiu seu lugar. Só agora, o Palácio finalizou o restauro da parte externa, que vi de perto.

Outro local já restaurado é o Palacete da Família Santos Dummont, que foi ocupado por parentes do pai da aviação. Depois de um período abandonado, hoje abriga o Museu de Energia de São Paulo.

O bairro ganhou construções históricas com a aristocracia cafeeira, mas sofreu com a decadência do café. Casarões foram demolidos, outros viraram cortiços, hotéis e comércios, sem a preservação da história ali presente. Felizmente, com a reforma da estação Júlio Prestes e a inauguração da Sala São Paulo, em 1999, o bairro ganhou novo incentivo. Com ótima infra-estrutura e bem localizado, Campos Elíseos precisa avançar com a revitalização para voltar a ser um dos mais bonitos e importantes bairros de São Paulo.

Andrea Matarazzo é secretário estadual de Cultura de São Paulo. E-mail: amatarazzo@sp.gov.br

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